
Maria Flor Pinheiro // Blog // Medellin
Corpo aberto no espaço
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Era domingo às quatro da tarde quando eu rsolvi tomar o metrocable do bairro Santo Domingo, comuna 2,
e partir em direção ao centro da cidade. Compartilhei a cabine com mas 3 mulheres e 2 crianças. Eu filmava
tudinho. Talvez não fosse a unica visitante, mas era certamente a mais turista. Mas os olhares reconfortantes
de todos me fizeram sentir em casa, na minha cabine. Ambiente descontraido. Comentava-se a paisagem que
desfilava por todos os lados, e inclusive em baixo de nossos pés. Algumas pausas silenciosas nos colocavam
ainda mais distante do bairro. Porém, durante o trajeto, alguns reggaetones e rumbas ultrapassavam a barreira
das paredes de vidro e se faziam-se ouvir, ainda que com o som abafado. A mulher sentada ao meu lado
cantarolou uma musica e em seguida disse « Soy de la vieja escuela, tu que pensas ». Nos sacou sorrisos de
reconhecimento. Ela ja era a personagem principal do meu fime, mesmo que a câmera tivesse « olhando »
para fora. Sua voz, proxima ao ponto final do teleférico disse, « Aqui nadie vive ». Era um campo às
margens do rio, onde so tinham burros e vacas. Na mesma porção de terra, pra todos os lados, comunidades
desabroxam às margens do rio. Tudo que vive por tudo, nesse eterno aterrar e enterrar.